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A lista P, ou “Família P”, como gosta de ser tratada, venceu as eleições e tornou-se a Associação dos Estudantes da ESAB no ano 2015/2016. O Outra Presença quis conhecer melhor estes jovens que encabeçaram um projeto e o tornaram um sucesso eleitoral. À conversa com o OP estiveram o João Silva, presidente, a Mariana Pereira, vice-presidente, o João Trigo, e o Pedro Pacheco.

Por que razão decidiram formar a lista?
- Para começar, o centro da lista é um grupo que já vem junto desde o sétimo ano. Nós sempre tivemos a ideia de que, quando chegássemos ao décimo segundo ano, íamos ter mais tempo para nos envolver em atividades, íamos criar todos juntos uma lista. Achávamos que já que éramos desta escola, devíamos intervir mais e representar os alunos. Somos amigos, vamos fazer esta atividade em conjunto e, como já disse, tentar representar a escola já que pertencemos a ela há tanto tempo.

Quais foram os critérios da escolha dos membros da vossa lista?
- Em primeiro lugar, que fossem pessoas que já conhecêssemos, principalmente, e outras pessoas que achássemos que tivessem facilidade no relacionamento pessoal, porque essa é a base da nossa lista. A base para pertencer a ela era e continua a ser a capacidade de estabelecer relações de amizade fortes. É isso que nos caracteriza.

Consideram que os órgãos de direção desta escola cooperam com a associação de estudantes?
- Nós não temos muita experiência para falar sobre isso. Até agora, a direção ajudou-nos a fazer as coisas necessárias: disponibilizou o auditório, o pavilhão e o exterior sempre que necessário.

Qual o papel de uma associação de estudantes numa escola?
- Acho que o fundamental é fazer com que os alunos se relacionem, a escola não é só um sítio onde se vai para aprender, é importante que os alunos sejam um todo, como um grupo. O nosso objetivo é, por isso, criar laços entre os alunos. Para tal, queremos criar momentos de convívio, fazer festas para os alunos se conhecerem, criarem esses laços. Há muitas pessoas por quem nós passamos que nem nos dizem olá, nem bom dia, o objetivo é que se relacionem, se conheçam e não sejam indiferentes, já que a escola é uma comunidade.

Qual é o papel do Presidente da Associação de Estudantes?
- O meu voto, em termos das decisões, é igual a qualquer um dos outros. Nestas circunstâncias, a minha única função é assegurar que a decisão tomada numa votação seja realmente cumprida, ou seja, eu tenho que fazer com que a voz da maioria seja ouvida. E a minha segunda função é dar o exemplo para que os outros me respeitem e se sintam representados. Estas são as duas únicas coisas em que o presidente é diferente dos outros, de resto é completamente igual.

Que atividades estão previstas?
- Vão decorrer muitas, como um torneio, como um…. Festas temáticas, pelo menos uma no final de cada período e outras, por exemplo o “Halloween”, o Carnaval, e outros dias festivos.
- Queremos, também, reativar a rádio da escola, já tivemos a testar isso hoje à tarde.

- Vamos, ainda, fazer torneios de desporto, não valorizar só o de futsal, mas também de basquete, badminton e até outros torneios, como jogos de cartas.
- Não fazer só uma coisa, nós queremos envolver o máximo de pessoas possível. Torneios de todos os tipos, festas e rádio. Também estamos a ver se conseguimos abrir as portas laterais, vamos ver se isso será possível.

Para quê abrir as portas laterais?
- Porque há muitas pessoas que vêm do lado da feira e têm de dar uma volta à escola toda para poderem entrar. Assim, era mais prático. Acho que poderá não ser fácil, porque é necessário um funcionário para estar lá de manhã, não sei como é que isso funciona. Vamo-nos informar.

O que querem melhorar na escola?
- As relações entre os alunos, por exemplo. Achamos que há muita gente que se sente isolada, que não tem uma relação de amizade com outros alunos e queremos que todos se sintam confortáveis ao pé uns dos outros. Que não existam pessoas isoladas. Criar um grupo de alunos que são realmente amigos e que funcionem em equipa, por exemplo no caso de uma turma.

Porque razão acham que ganharam?
- Penso que a principal razão foi o facto de desde o início mostrarmos ser uma lista que cooperava muito com os outros, ajudava quando era necessário, existia um bom ambiente entre todos, apesar de haver os habituais desentendimentos, conseguimos sempre resolver bem os problemas. Além disso, somos divertidos…(risos)
-– Portanto, achamos que não foi tanto pelo trabalho, mas pela personalidade da lista como um todo. Valorizamos muito a relação a amizade entre as pessoas. Era a família P. Penso que as pessoas valorizaram mais isso do que uma lista que se focasse apenas no trabalho.
- A união fez de facto a diferença.

Não houve nenhuma atividade que considerem que foi determinante nessa vitória?
- Talvez a festa que organizámos, na qual nos esforçámos por contactar com as pessoas, conhecê-las melhor, mostrar-lhes quem éramos. Também tivemos um torneio que foi um sucesso. E ainda uma presença muito carismática que levou muitos a gostarem da nossa lista.
- Fomos também inteligentes na escolha do local do palco e do sistema de som. Conseguimos dar a volta à situação, pois não nos calhou à partida o local mais favorável. A outra lista escolheu e nós ficámos à partida em desvantagem, mas reorientámo-lo e foi um sucesso.

Vocês tiveram apenas uma presença dita “importante”. Os outros tiveram mais. Não foi relevante esta diferença…
- Penso que o importante não são as presenças “importantes” que se trazem de novo à escola no dia da campanha, mas a nossa presença no dia a dia na escola. Uma lista pode trazer várias figuras importantes, mas isso é durante um dia. Pode dar uma ajuda, mas não acreditamos que seja determinante. Nós acreditamos que as pessoas preferem uma associação que tenha ela própria presenças fortes. Por exemplo, fomos nós que criámos o logótipo da lista, um dos nossos elementos foi o DJ. Trabalhamos internamente, temos pessoas que podem fazer tanto ou mais do que os que vêm de fora. E, em termos de orçamento, fica mais barato. Essencialmente, temos de ser nós próprios e dar o melhor de nós.

Como analisam a votação nas outras escolas do Agrupamento?
- A Augusto Moreno estava maioritariamente do nosso lado e a de Izeda estava equilibrada. O problema dessas escolas é não haver um dia de campanha. Eu só consegui ir a Izeda, por exemplo, no dia da campanha à hora do almoço, o que penso não ter sido muito frutífero. Penso que é algo que deve ser melhorado em futuras eleições. Os alunos das outras escolas não têm noção nem das pessoas que formam as listas nem das atividades que realizam.

Que aprendizagens salientam neste processo?
- Aprendemos que não devemos sobrevalorizar o trabalho em detrimento de relações. Por exemplo, em vez de organizarmos um torneio arrasador, que dá muito trabalho, mas que não permite o contacto com os outros, é preferível organizar um mais fraco, mas que permita que convivamos uns com os outros.
- Também se aprende muito ao nível de responsabilidade, de autonomia e de gestão. É algo muito trabalhoso e que nem sempre corre bem, mas temos de aprender a ultrapassar os problemas.

E patrocínios?
- As empresas locais não apostam muito em campanhas de secundária. Foram sobretudo familiares dos elementos da lista. Por isso, não exagerámos nos gastos. Por exemplo, o nosso blusão era barato e pretendia-se que ajudasse apenas um pouco a lista, mas que os alunos não tivessem muita dificuldade em adquiri-lo.
- Não tínhamos muito dinheiro, mas conseguimos fazer muita coisa. Aprender a gerir foi algo importante.

Muito obrigada pela vossa presença e um bom mandato.

 

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