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No dia 12 de dezembro, os alunos de Biologia do 12ºA, no âmbito das celebrações do Dia Mundial da Luta Contra a Sida, apresentaram duas peças de teatro às turmas A, B e C de 9º ano. E como surgiu esta parceria entre finalistas de níveis diferentes? Tudo isto sucedeu pela intervenção da professora Sónia Rodrigues, que dá aulas àquelas turmas de 9º ano e já tinha sido também nossa docente.

Em Outubro, foi-nos colocado um desafio por parte da professora, que consistia na encenação de duas peças de teatro para apresentar às suas turmas. Os temas seriam alusivos aos métodos contracetivos e gravidez na adolescência, assim como à Sida, infeção sexualmente transmissível. Estas temáticas não foram escolhidas aleatoriamente. A realização desta iniciativa visou elucidar os alunos do 9º ano acerca destas problemáticas, de uma forma mais dinâmica; relembrar da pertinência da sua abordagem e das suas consequências se não forem tidas em consideração; incentivar a turma a participar ativamente nas atividades da escola, além de promover não só um contacto mais estreito entre alunos de faixas etárias diferentes, mas também com os professores. Mediante os objetivos definidos, decidimos aceitar o desafio, com imensa satisfação e vontade de construir algo que superasse todas as expetativas.
Dedicámos algum tempo das aulas de Biologia ao desenvolvimento dos nossos trabalhos, pois a Reprodução Humana é uma das unidades abordadas no programa desta disciplina, tendo tido apoio e orientação das docentes Anabela Costa e Alda Lima.
Posteriormente, os grupos foram estabelecidos e os temas atribuídos. O grupo de que fiz parte, juntamente com a Mariana, Daniela, Bruno, Fábio, Paulo, Frederica e Pedro, decidiu tratar a problemática da gravidez na adolescência, resultante da não utilização dos métodos contracetivos. Quisemos retratar uma situação que poderia facilmente ser transportada para a atualidade, para que os jovens a quem fôssemos fazer a apresentação se pudessem identificar com ela e retirar daí ensinamentos. Queríamos fazer algo único, criando uma história dramática, para tornar o teatro menos monótono e cativante.
Em síntese, a nossa peça contava a história de uma adolescente de 17 anos, Andreia, que fazia tudo para agradar a todos os que a rodeavam e fingia seguir os ideais dos pais, Daniela e Fábio. Daniela era uma mulher que vivia para as aparências e para o estatuto social. Fábio era um advogado conservador, que ambicionava vê-la casada com Paulo, filho do sócio da sua firma de advogados. Andreia encontrava-se, pois, a namorar com Paulo. No entanto, farta de que fossem os outros a controlar a sua própria vida e de seguir as regras rígidas dos pais, Andreia resolve mudar drasticamente, para poder viver tudo aquilo a que uma adolescente tem direito, segundo a sua perspetiva.
Tudo começou quando a Dra. Mariana foi dar uma palestra sobre métodos contracetivos na escola onde Andreia estudava. Nessa noite, Andreia decide sair com a sua amiga Fred, e é essa noite que vai mudar a sua vida. Paulo chega com Bruno e vai ao encontro da sua namorada, espantado por vê-la naquelas andanças. A conversa não corre bem e Andreia decide terminar o namoro. Paulo faz de tudo para o impedir, mas perante a veemência das suas palavras, decide dar-lhe tempo para voltar à normalidade.
Bruno, que assistiu àquela cena e, vendo Andreia naquele estado, vai ao seu encontro. Os dois bebem em demasia e ficam muito cúmplices, acabando por se envolverem, não utilizando qualquer proteção. Este relacionamento dura quase 2 meses e, nesse período de tempo, Andreia reflete sobre tudo, começa a sentir-se culpada, arrependendo-se da vida leviana e sem rumo que estava a levar.
A dada altura, Andreia conversa com os pais e conta-lhes que está grávida. As reações não poderiam ter sido mais distintas. Daniela fica preocupada com a possibilidade de não a convidarem para nenhum evento social e propõe um aborto. Fábio responsabiliza a esposa, ordena-lhe que leve a filha ao médico e deixa bem claro que uma filha dele jamais faria um aborto e, já que Paulo desonrou a sua filha, teria de assumir!
Daniela marcou uma consulta, nessa mesma tarde, com uma médica da sua confiança, a Dra. Mariana, que graças à sua amizade, se prontificou, de imediato, a recebê-las. Após as formalidades convencionais e as perguntas próprias de uma consulta, decide encaminhá-la para um psicólogo. No fim da consulta, alerta-a sobre os métodos contracetivos e as DST.
Em seguida, Andreia encontra-se com Bruno para lhe revelar toda a verdade. Bruno reage agressivamente e recusa a possibilidade de ser o responsável, contando-lhe que tudo não passou de um esquema para se aproveitar dela e de poder divertir-se. Diz-lhe que não quer saber dela e não vai assumir absolutamente nada.
Paulo ouve toda a conversa e questiona Bruno sobre o que fez e os dois envolvem-se numa luta, que termina quando Andreia os separa. Bruno afirma que está farto e abandona o local. Andreia olha para Paulo e, sem saber o que dizer, decide ir embora.
Paulo vai atrás dela e os dois têm uma conversa profunda e decisiva. Andreia mostra-lhe o quanto se sente arrependida. Paulo reconhece que ela o traiu da pior forma possível, mas que sabia que a Andreia não estava em si. Devido ao seu amor incondicional propõe-lhe voltarem a estar juntos. Confidencia-lhe que não quer a relação de antigamente, onde não eram eles próprios e não estavam felizes, mas sim uma relação melhorada, completamente diferente, porque ambos tinham mudado…Inesperadamente, revela-lhe que quer assumir a criança e os dois abraçam-se apaixonadamente.
Fazer parte disto foi uma verdadeira aventura! Concebê-lo em grupo, onde todos tinham ideias díspares; a dificuldade em juntarmo-nos para ensaiar, dada a incompatibilidade de horários; o nervosismo que nos assolou, visto nunca termos feito nada do género; o sentimento de não podermos falhar, o facto de não querermos desapontar todos os que estavam a contar connosco fez com que achássemos que a receita para o desastre estava encaminhada… Porém, os nossos receios desvaneceram-se aquando da apresentação e tudo acabou por se conjugar harmoniosamente.
Adorei participar nesta atividade e considero que temáticas como os métodos contracetivos, a gravidez na adolescência e a Sida, bem como tantos outros que afetam a sociedade atual, deviam ser mais abordados nas escolas.
Poder-se-ia dizer que os jovens não precisam de palestras, apresentações ou fichas informativas sobre determinados temas, uma vez que, nos dias que correm, com tanta informação presente nos meios de comunicação, com os docentes a referi-los nas suas aulas ou através dos próprios pais, são desnecessárias e uma perda de tempo… Contudo, isso não é verdade! Considero que nunca é demais relembrar aos jovens, neste caso, a importância excelsa da utilização dos métodos contracetivos, já que pode evitar gravidezes indesejadas. Além disso, a prevenção de infeções sexualmente transmissíveis, como é o caso da Sida, passa por evitar comportamentos de risco, tendo de se utilizar o preservativo nas relações sexuais, pois é o método contracetivo que, além impedir uma gravidez não desejável, previne a transmissão de infeções sexualmente transmissíveis. A responsabilidade de cada um e o respeito pelos outros assegura um futuro saudável e sem preocupações originadas por atos irrefletidos.
Pelo exposto, a prevenção é o melhor caminho a seguir, já que, como diz o ditado “É melhor prevenir que remediar”…

 

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