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O ensino público é mais vantajoso e preferível ao ensino privado. Em primeiro lugar, embora as escolas privadas, como o Colégio Nossa Senhora do Rosário e o Externato Ribadouro, no Porto e o Colégio São João de Brito, em Lisboa, ocupem os lugares de topo nos rankings nacionais, baseados no desempenho escolar e nos resultados dos exames nacionais, a verdade é que o ensino público é aquele que não só consegue preparar os alunos para estes mesmos exames como também lhes dá conhecimentos extra e mais práticos que não se aprendem nos livros ou a decorar matéria.

 

De facto, recentemente quatro jovens portugueses regressaram das Olimpíadas Ibero Americanas de Biologia que tiveram lugar na argentina com 3 medalhas de outro e uma menção honrosa, e dos quatro apenas um pertencia a uma escola privada. Da mesma maneira, o vencedor da medalha de ouro das Olimpíadas Ibero Americanas de Matemática do passado ano 2012 que decorreram na Bolívia foi um jovem português que frequenta o ensino público, na Escola Secundária de Mirandela. Como se sabe, as Olimpíadas quer de Biologia quer de Matemática pretendem testar não os conhecimentos específicos dessas disciplinas mas conceitos mais gerais e com os quais os jovens nunca se depararam, obrigando-os a raciocinar e a aplicar determinadas situações ao seu dia-a-dia para conseguirem obter uma resposta. As escolas públicas conseguem, portanto, vingar neste aspeto.

Além disso, e segundo José Sarsfield Cabral, pró-reitor da universidade do Porto, “as escolas privadas têm grande capacidade para preparar os alunos para entrar no ensino superior, mas o que se verifica é que, passados três anos, estes alunos mostraram estar mais mal preparados para a universidade do que os que vieram da escola pública”. Por outras palavras, as escolas privadas preparam melhor os alunos para os exames nacionais, mas não para estes terem um bom desempenho na universidade e na vida futura. Para reforçar esta ideia, apresento-vos um estudo da Universidade do Porto, baseado no percurso académico de 4280 alunos. Por exemplo, da Secundária Garcia da Orta entraram 114 alunos para o ensino superior na Universidade do Porto e do Externato Ribadouro entraram 154 alunos, um número maior, portanto. O que se verificou é que ao fim de três anos, 14 dos 114 alunos da escola pública pertenciam ao grupo dos melhores alunos da universidade, mas apenas 5 dos 154 alunos da escola privada pertenciam a esse mesmo grupo. O mesmo se verificou para o Colégio do Rosário e o Colégio Luso-Francês, com apenas três e dois alunos no grupo dos melhores da universidade, respetivamente.

Por fim, na escola pública coexistem diversas etnias e estatutos sociais e económicos, o que não acontece numa escola privada, uma vez que o processo de seleção dos alunos e o custo fazem com que os alunos possuam o mesmo estatuto sócio-económico. Esta diversidade é muito enriquecedora, uma vez que a partilha de experiências e de diferentes modos de vida acontece inevitavelmente e tudo isso contribui para o enriquecimento pessoal dos alunos e para a assimilação de novos conhecimentos fundamentais no dia-a-dia e na vida futura. O contacto com diferentes modos de estar facilita a adaptação a diferentes espaços de trabalho, torna os jovens mais versáteis e solidários. Por essa razão é possível ver inúmeras escolas públicas a entrarem em ações de apoio social, como por exemplo a Escola Secundária Marquesa de Almeirim, que organiza campanhas de recolha de alimentos, bem como a nossa escola, a Escola Secundária Abade de Baçal, que faz também recolha de alimentos e de outros recursos para famílias mais necessitadas pelo menos uma vez por ano. Também a Escola Secundária S. Pedro em Vila Real tem o costume de oferecer roupa, alimentos e brinquedos no Natal para as famílias apoiadas pelo projeto solidário do município.

Assim, ao contrário das escolas privadas, as escolas públicas conferem aos estudantes mais habilidades e capacidades para terem sucesso no ensino superior e a vida futura, e estas não decorrem destes alunos saberem muito bem a matéria dos exames nacionais.

Pelo exposto, conclui-se que o ensino público não só proporciona mecanismos de aprendizagem que permitem aos alunos entrar no ensino superior no curso que preferem, como também os prepara para outros desafios que requerem muito mais do que memorização ou aprendizagem específica de um dado tema. Alarga os horizontes dos alunos e dá-lhes mais independência, autonomia e confiança em si mesmos.

 

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