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Desde que o Homem adquiriu faculdades cognitivas mais estruturadas que se questionou sobre o que o rodeia. As estrelas foram um foco de interesse e estudo de todas as civilizações avançadas. Os Sumérios desenvolveram estudos aprofundados sobre o cosmos, verdadeiros tratados que, ainda hoje, continuam válidos e irrefutáveis. Os Egípcios regiam as suas vidas pelas estrelas, facto demonstrável na orientação cosmológica dos seus monumentos. Os Maias, os Incas, os Gregos e os Romanos debruçaram-se sempre sobre os estudos cosmológicos, criando as bases para estudos científicos mais recentes.

Inelutavelmente, a Astrofísica reveste-se de extrema importância, no que às nossas vidas diz respeito, conquanto a sua abrangência seja de difícil compreensão ao mais comum dos leigos. Com efeito, abre uma panóplia de possibilidades e respostas, no que diz respeito à constituição e funcionamento do Universo, facto que permite entender melhor o lugar do nosso Planeta e a própria origem da Humanidade.
A Astrofísica interage, diretamente, no nosso quotidiano. Mais do que poderemos pensar. Na prática, o espaço oferece-nos muitos recursos, como toda a engenharia espacial de satélites de monitorização, de comunicação, de prevenção de desastres, de melhoramento do uso dos recursos naturais. Os estudos da Astrofísica poderão facultar-nos novas formas de energia limpa inesgotável, além dos subprodutos dessas pesquisas, como novos materiais, mais resistentes, duradouros e eficientes ou o aparecimento de novas tecnologias e o desenvolvimento de aparelhos para a medicina ou a engenharia.
Efetivamente, os estudos decorrentes da exploração espacial oferecem inúmeras vantagens. Muitos materiais, componentes e peças que usamos no nosso quotidiano foram desenvolvidos para os astronautas. As roupas à prova de bala ou a blindagem de veículos devem-se, igualmente, aos avanços tecnológicos da astronáutica. Muitos dos avanços tecnológicos, na engenharia e, especificamente, na medicina, são o resultado de estudos e invenções da Física e, em particular, da Astrofísica.
Um dos Astrofísicos mais relevantes do séc. XX foi Carl Sagan. Na série televisiva “Cosmos”, difundida nos anos 80, o Astrofísico debruça-se sobre o início do Universo e o aparecimento da vida. Esta série foi um verdadeiro tratado científico, que abriu a mente das pessoas para a importância da ciência e, em particular, da Astrofísica.
Nas últimas décadas, alguns países têm feito um investimento avultado na exploração espacial, com o envio de sondas de exploração elementar, satélites e robôs. O próprio Homem já pisou a superfície lunar. Esta exploração visa entender como surgiu o Universo e em que momento, permite clarificar teorias, como a do “Big-Bang” ou a “Teoria das Cordas”. Neste mesmo âmbito, tem como objetivo entender como surgiu a vida, se teria sido no nosso Planeta ou em algum outro ponto do Universo. Ademais, busca novas formas de vida, uma vez que a imensidão do Cosmos não admite pensar que somos exclusivos.
Ainda num domínio de interesse Universal, a Astronomia alerta-nos para possíveis catástrofes astronómicas, como a queda de meteoros ou tempestades solares, agindo no sentido da preservação do nosso Planeta. Outra dimensão prende-se com a descoberta de possíveis novos habitats, em caso de alguma catástrofe, no nosso Planeta, que nos obrigue a deixá-lo. Alguns cientistas discorrem que, num tempo não muito distante, teremos colónias em Marte ou na Lua.
Os mais céticos e, sobretudo, a comunidade mais leiga, acusam estes programas espaciais, pelo elevado investimento, o qual, defendem, deveria reverter para causas mais próximas e concretas. A resolução de problemas, como a fome, a pobreza ou as doenças deveria ser, segundo estes críticos, o foco de interesse da ciência.
Admito a legitimidade destes argumentos, todavia, o investimento nestas causas nobres, que afetam o nosso Mundo, não devem excluir a busca de conhecimentos mais profundos, que serão um legado para toda a Humanidade. Na realidade, gasta-se muito dinheiro de forma supérflua, como em armamento, em guerras, em monumentos faraónicos ou em hotéis de luxo desnecessário. A NASA tem visto o orçamento destinado a estes programas diminuir, nos últimos anos, facto que pode fazer perigar a exploração espacial.
Concluindo, a exploração espacial, além de permitir conhecer o Universo, proporciona, no imediato, o próprio desenvolvimento do Homem, no seu quotidiano e na sua relação com o meio. O conhecimento do Cosmos é o mais forte instrumento para dissecar o passado, perceber o presente e preparar o futuro. Uma das frases mais célebres de Carl Sagan refere que “somos feitos do mesmo pó das estrelas”, aludindo à tese de que fazemos parte de algo grande. Neil deGrasse Tyson, astrofísico, seguidor de Sagan e apresentador da série “Cosmos: A Spacetime Odyssey”, diz que “estamos todos conectados: biologicamente uns com os outros; quimicamente com a Terra e atomicamente com o resto do Universo. (…) Estamos no Universo e o Universo está em nós”. Por isso, faz todo o sentido querer saber mais sobre o Universo, pois conheceremos mais sobre nós e os problemas que nos afligem. Olhemos para as estrelas, que elas olham por nós.

 

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