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No cantinho caloroso de Bragança, viu a luz do dia Beatriz Inês Ferreira Baptista, a 30 de agosto de 2006. Desde tenra idade, aos oito anos, enfrentou corajosamente o desafio da leucemia.
Agora, aos dezassete, esta jovem guerreira continua a irradiar resiliência.

Filha dedicada de Isaque, o destemido bombeiro, e Ana, incansável empregada de limpeza, Beatriz personifica a força que o amor pode inspirar. A sua história é mais do que uma narrativa: é um testemunho poderoso de como o amor, em todas as suas formas, pode curar as feridas mais profundas.
A infância de Beatriz, antes da sombra da leucemia, foi colorida com tons vivos de alegria. Os primeiros anos, na Escola Augusto Moreno, foram marcados por risos inocentes e descobertas curiosas. Mas uma nuvem foi lançada sobre a sua inocência, muito antes, aos quatro anos de idade, quando os médicos notaram a presença do vírus citalovirus, alertando para a possibilidade do desenvolvimento de leucemia, no futuro. As suas primeiras lembranças de estar neste mundo são de quedas, símbolo inconsciente da jornada de aventura que a esperava.
A narrativa toma um tom mais sério quando, aos olhos atentos de Beatriz, surge um nódulo negro na sua anca esquerda, provocando desconforto e comichão persistente. A sua madrasta, ciente dos riscos, sugere que o seu pai, Isaque, avalie o nódulo. Assim, neste dia 8 de setembro de 2014, o destino vai conduzi-los ao hospital de Bragança, onde o pediatra Luís, por meio de exames, antecipa uma batalha desconhecida. O retorno, marcado para o dia seguinte, revela o início da luta contra a leucemia. Uma batalha, que Beatriz, na sua inocência, ainda não compreendia totalmente.
A transição para o Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto mergulha a Beatriz num ambiente onde a esperança e o medo dançam numa corda ténue. O questionamento doloroso sobre a morte ecoa nas paredes do IPO, quando, ao entrar, Beatriz pergunta ao pai sobre qual seria o seu destino, inquirindo-o se iria morrer. Durante a sua estadia, a perda precoce de Miguel (que era também um doente oncológico), apelidado de “menino de cera”, lança sombras sobre a alegria, marcando o início de um temor latente, pondo em causa a vida de Beatriz. Contraturas e dores, sintomas cruéis da osteoporose, testam a sua resiliência, enquanto a fisioterapia se torna uma aliada na jornada.
O IPO, um lugar familiar devido a anteriores adversidades, que foram enfrentadas por outros membros da família, torna-se palco de experiências intensas. No entanto, um momento de alívio surge quando um médico especializado proporciona a Beatriz um breve relaxamento, um sopro de normalidade, no meio do desconhecido. Contudo, as dores nos ossos persistem devido a seis vértebras partidas e três deslocadas, levando a uma overdose medicamentosa, durante um fim de semana, em casa, resultando numa corrida para o Hospital de Santo António, no Porto.
O coma, jornada obscura, abre caminho para uma nova consciência. Entre tubos e
desconcerto, Beatriz ressurge, enfrentando não apenas a fragilidade do corpo, mas também a complexidade das emoções. A alegria irrompe na escuridão quando, durante esse período, ela tem a oportunidade de conhecer Sérgio Oliveira, jogador do Futebol Clube do Porto, um raio de luz no meio do escuro.
Durante a estadia no IPO Beatriz continuou a estudar.
Agora, Beatriz vive e estuda em Bragança, no Agrupamento Abade de Baçal onde se sente feliz e diz que “a escola é um refúgio”. Muito fica por contar, muito fica por dizer, porque há muito mais para viver, há muito mais para voar. Voar como uma Menina Borboleta!

 

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