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No dia trinta de abril de 2013, pelas catorze horas e trinta minutos, deslocou-se ao auditório da nossa escola a doutora Cidália Fernandes, professora de português e alemão em Penafiel.

Nascida em 1961, no concelho de Vila Flor, licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas, sendo, atualmente, autora de cerca de trinta e oito livros publicados.

Convidada pela biblioteca para apresentar recursos de preparação para o exame nacional de português aos alunos de 12º ano, levou a cabo uma sessão destinada à abordagem de “Memorial do Convento”, obra literária de José Saramago, galardoada com vários prémios, nomeadamente os do Pen Club e do Município de Lisboa.
Depois de uma breve introdução sobre o seu trabalho, procedeu à apresentação de um livro de apoio aos finalistas do secundário, intitulado “Chamo-me José Saramago”, o qual pretende melhorar os seus conhecimentos sobre a obra “Memorial do Convento”. Foi referido que o livro em causa contém explicações relativas a cada sequência narrativa, às categorias da mesma e um glossário, analisando, então, globalmente a obra saramaguiana.
Na verdade, embora os alunos de 12º ano estivessem à espera de uma abordagem e de uma reflexão elaboradas e detalhadas sobre a obra de Saramago em questão, acabaram por se sentir dececionados com a palestra, na medida em que esta se desviou totalmente do assunto principal da sessão, já que foram nulas as abordagens profundas, perspicazes e explanatórias que a escritora levou a efeito acerca da diegese de “Memorial do Convento”, algo que teria sido bastante útil aos mesmos porquanto irão realizar no final do ano letivo o exame nacional de Português, no qual este livro é um dos conteúdos temáticos a avaliar.
Ao longo da sessão, os alunos presentes foram interpelando a doutora Cidália. Perante a questão “Como classifica o narrador?”, a escritora referiu que, em “Memorial do Convento”, o narrador, tendencialmente heterodiegético e de focalização omnisciente, assume-se também como autor, devido à forte carga crítica que imprime à sua narrativa. Além disso, acrescentou que o estilo inimitável de Saramago se deve, entre muitos aspetos, à ausência de pontuação ortodoxa, consequência do facto de ele pretender aproximar a sua escrita da forma como as pessoas falavam, de modo a que as histórias não perdessem a sua genuinidade.
À pergunta “qual a personagem masculina mais rica da obra?”, a doutora Cidália referiu que Bartolomeu Gusmão, padre que criou a “passarola” e foi perseguido pelo Santo Ofício, é a figura mais bela, porque, tendo o persistente sonho de voar, acabou por influenciar os restantes intervenientes da ação.
Por outro lado, Saramago também se perspetiva muito no sexo feminino, sendo disto exemplo Blimunda, mulher ativa, dinâmica, inteligente, intuitiva e, por isso, distinta das outras da sua época (século XVIII).
Por fim, a sessão terminou com uma pequena feira dos livros da autora, à entrada do auditório.
De facto, os alunos deslocaram-se ao auditório a fim de assistirem a uma sessão cujo tema seria somente “Memorial do Convento”, o que não se verificou, pois, como já referimos, ela ficou muito aquém das espectativas dos assistentes, o que se pode corroborar com o facto da doutora Cidália ter feito um discurso permanente e altamente comercial. Portanto, esta acabou por não acrescentar nada de novo aos conhecimentos dos alunos sobre a obra. Além disso, achamos que a escritora não soube responder às questões colocadas de forma clara, direta e objetiva, facto que dificultou a apreensão das respostas por parte dos alunos, não se esclarecendo, assim, as dúvidas ou curiosidades destes.

 

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