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Não é novidade que esta nova realidade veio alterar inúmeros aspetos da sociedade, desde a economia aos nossos hábitos, e o ambiente não ficou de fora deste panorama. 

Com os cuidados que precisamos de tomar, com uso de máscaras, luvas e material de proteção de uso único, o recurso ao plástico aumentou de forma exponencial, e, desta forma, este vírus tornou-se um desafio para a Sustentabilidade Ambiental. 

Segundo Ana Luísa Silva e Joana Prata, investigadoras do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, são necessárias mensalmente 129 mil milhões de máscaras e 65 mil milhões de luvas. Tudo isto acaba no lixo indiferenciado, sem margem para reutilização. 

Desde o início da pandemia os resíduos residenciais aumentaram significativamente, o que é compreensível, uma vez  que passamos mais tempo em casa e, consequentemente, produzimos mais lixo residencial. Já o aumento dos resíduos hospitalares deveu-se, naturalmente, à necessidade de utilização de material de proteção pelos agentes de saúde. Tudo isto veio provocar efeitos negativos no ambiente. 

No entanto, nem tudo são más notícias. Segundo a Sociedade Ponto Verde, durante o isolamento social, os portugueses reciclaram 5% mais do que durante o mesmo período do ano passado: a reciclagem de papel e cartão aumentou 7%, a de vidro 4% e a de plástico 3%. 

Para além disso, quando falamos da poluição do ar verificou-se uma redução das emissões de gases poluentes durante o período de confinamento, na China, por exemplo, reduziram 25% com a redução da produção industrial, e também na Península Ibérica  se registou uma queda abrupta de gases poluentes. Quanto à poluição das águas, temos o exemplo de Veneza, que teve uma redução extrema de poluição nos canais, que regressaram às águas límpidas. 

Porém, no que diz respeito à sustentabilidade ambiental, tudo indica que estes aspetos sejam uma “bonança” antes da “tempestade” que está para vir, fazendo parecer que o vírus terá mais aspetos negativos que positivos para o ambiente.  

Mas porquê? Pois bem, como já é muito comum, a sustentabilidade ambiental não é um tema “prioritário” para os governos, sendo que com as crises económicas que o corona vírus tem vindo a provocar, os governos terão que reorganizar prioridades, sendo elas, o relançamento da economia, o equilíbrio da balança comercial, a diminuição do défice orçamental e por isso políticas ambientais serão deixadas para último plano, adiando o combate às alterações climáticas. 

Para além disso, como comprova a análise feita pelo “The Washington Post”, a seguir a uma redução de emissões poluentes causada por crises económicas, segue-se a recuperação económica que origina aumentos acentuados de emissão de gases poluentes, como aconteceu depois da gripe espanhola (1918), da crise de petróleo da década de 70 e muitas outras crises mundiais, fazendo com que a redução que se verificou durante a Pandemia não seja uma mudança muito significativa, e muito menos uma mudança permanente. 

Desta forma, não é com a redução da poluição que se resolve o problema da sustentabilidade ambiental, sendo por isso necessário fazer a recuperação económica de forma sustentável, e ter em atenção que as pessoas não se podem deixar “dormir à sombra da bananeira” agora que se verificaram melhorias ambientais.  

Há ainda um longo caminho a percorrer para um mundo mais sustentável e cada um de nós desempenha um papel fundamental para que isso seja possível, pois pequenas ações podem, de facto, mudar o mundo. 

 

Fontes: 

 

 https://observador.pt/especiais/nao-a-pandemia-nao-e-boa-para-o-ambiente-mas-pode-deixar-pistas-para-um-futuro-sustentavel/ 

 

https://www.tsf.pt/portugal/sociedade/pandemia-trouxe-aumento-da-reciclagem-a-portugal-12520032.html 

 

https://www.jn.pt/nacional/pandemia-gerou-aumento-exponencial-de-lixo-12777502.html

 

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