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O coelhinho da Páscoa

Até que enfim! Já temos uma data, um marco, uma baliza que nos remete para o início do desconfinamento. É irrelevante se já existe um planeamento, se já se está a estudar o calendário, se é faseado ou repartido em amplas ou minúsculas fatias. Até que enfim!

O coelhinho da Páscoa foi a figura do grupo dos roedores escolhida para marcar o fim do desconfinamento. As amêndoas, essas, continuam e continuarão duras de roer. Contudo, as famílias (nunca mais de cinco pessoas) terão o direito de degustar um folar inteirinho bem amassado mas desta vez de um amarelinho pálido a contrastar com as notícias fresquinhas, saborosas e, sobretudo. esclarecedoras. A propósito. Fiquei um pouco baralhada com a afirmação proferida pelo Sr. Presidente da República sobre os alunos terem já perdido cerca de dois anos na sua aprendizagem. Então a mim, que no primeiro confinamento, me mandaram para casa, me obrigaram literalmente a ser portadora de um computador, a dominar as plataformas sejam elas Zoom ou Teams e mais, e mais… Em suma, em prol da aprendizagem e do sucesso dos alunos imbuída do espírito do ensino à distância. Com todos os constrangimentos e adversidades, degrau a degrau, mitigando os seus efeitos nefastos. Com vontade e determinação, ainda assim, fazendo de uma aula uma aula verdadeira. Combatendo as desigualdades e tornando o ensino acessível a todos desde os mais longínquos aos mais carenciados.  Ironia das ironias! Depois de toda esta azáfama, desta entrega e deste empenho, no regresso ao ensino presencial, foi-me comunicado oficialmente que durante o período de três semanas teria de trabalhar na recuperação das aprendizagens. Muito bom! Mesmo! E agora, neste segundo encerramento, onde ando a correr entre aulas síncronas e assíncronas, onde eu sim, tenho de fazer um verdadeiro planeamento e dar de mim o meu melhor, quando terminar este novo ensino à distância, quanto tempo me reservarão para recuperar as ditas aprendizagens. É bom que façamos juízos de valor e nos ponhamos em bicos de pés a reclamar o nosso profissionalismo e a nossa dedicação. Entretanto, vão-nos adoçando a boca com os chocolatinhos da Páscoa envoltos em pratas de todas as cores. O coelhinho, esse, continuará por cá. De orelhas arrebitadas a marcar o compasso da Semana Santa, tão perfeitinho e bonitinho que até temos pena de o desembrulhar.

Pelo meio, não deixemos de apreciar a dicotomia comédia / mistério presente no filme “Quem tramou Roger Rabbit?

 

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