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Ninguém gosta de morrer na praia. É como se tivéssemos conquistado tudo e, de repente, deitássemos esse tudo a perder. Por outro lado, cumprir regras também não é a nossa praia, embora desta vez tenhamos alcançado uma proeza qual surfista que enfrenta uma onda gélida e gigante.

Nas ruas não se vê uma criatura sem máscara, nenhum português fintou a proibição de circular entre concelhos, não houve nenhuma festa ilegal com dezenas e dezenas de convivas, em suma, os portugueses estiveram à altura das exigências solicitadas.  Cada um cumpriu o seu papel e se era para o bem de todos, o sacrifício valia a pena…

Curiosamente, assistimos a uma situação deveras caricata. Quando a maioria dos países da Europa ganhavam já uma certa folga e viviam um desconfinamento embora parcial, Portugal apresentava-se como o pior país, tanto em número de infetados diariamente como no número de  óbitos e doentes nos cuidados intensivos.

Subitamente, e sem que se desse muito por isso, a curva inverteu-se. Mandaram-se encerrar as escolas, as lojas, os restaurantes, os cafés, os cabeleireiros e os barbeiros. Só não mandaram encerrar as ruas porque ir de Drone para o emprego implicava uma licença de condução. E resultou. Quando boa parte dos países europeus voltou a confinar com restrições apertadas na vida dos cidadãos devido à segunda, terceira ou quarta vaga, não sei bem, as variantes impiedosas e cruéis fizeram subir os números meteoricamente.

Portugal, agora sim, eleito o melhor país, com um número reduzido de casos, com uma testagem massiva mas com uma vacinação atropelada, pouco convincente e com uma percentagem pouco representativa.

Conseguimos! Mas há sempre um mas e mais vale prevenir do que remediar. Cautela e prevenção são agora as palavras de ordem. Nada é dado como adquirido. Nada é definitivo. As palavras do Primeiro Ministro foram certeiras e inequívocas. “Se for necessário recuar, nós recuamos”. E agora estamos todos aflitos com medo de bater no carro de trás ou de darmos sem querer um encontrão a alguém que não tenha ainda pelo menos a primeira toma da vacina. Enfim, à espera que a espuma dos dias nos traga a certeza do que quer que seja e que esta certeza seja eterna enquanto dure.

 

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