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No dia vinte de março, as turmas do 11º ano A e B realizaram uma visita de estudo à região de Miranda do Douro, no âmbito das disciplinas de Biologia e Geologia e Física e Química A, acompanhadas pelas docentes Paula Minhoto, Sónia Rodrigues, Teresa Pereira e pela Diretora de Turma do 11º A, professora Esmeralda Gonçalves. Tratando-se de uma situação de aprendizagem fora do espaço escolar, a visita favoreceu a consolidação e aquisição de conhecimentos na medida em que promoveu a interligação entre teoria e prática, a escola e a realidade. Nesse sentido, o percurso foi dividido em quatro atividades, cada qual num lugar específico e de interesse não só didático, como também recreativo.

No dia vinte de março, as turmas do 11º ano A e B realizaram uma visita de estudo à região de Miranda do Douro, no âmbito das disciplinas de Biologia e Geologia e Física e Química A, acompanhadas pelas docentes Paula Minhoto, Sónia Rodrigues, Teresa Pereira e pela Diretora de Turma do 11º A, professora Esmeralda Gonçalves. Tratando-se de uma situação de aprendizagem fora do espaço escolar, a visita favoreceu a consolidação e aquisição de conhecimentos na medida em que promoveu a interligação entre teoria e prática, a escola e a realidade.
Nesse sentido, o percurso foi dividido em quatro atividades, cada qual num lugar específico e de interesse não só didático, como também recreativo.
Antes de rumarmos para terras de Miranda, tivemos a oportunidade de participar na actividade dinamizada pelo Centro de Ciência Viva de Bragança – “Observação do Eclipse Solar”, respeitando as medidas de segurança. Por volta das 9 horas, iniciamos a nossa viagem, em direção à barragem de Picote, e sempre que possível, com os óculos de proteção, íamos acompanhando o eclipse.
Durante o percurso de ida, no autocarro, pudemos contemplar alguns aspetos de ocupação antrópica derivados das necessidades e atividades humanas na zona em questão. Habitações construídas em zonas de declive acentuado, vias de comunicação, como estradas e pontes, que as cortam e expõem aos agentes atmosféricos (água, vento, etc.) são alguns exemplos mais visíveis dessa problemática.
Para estabilizar essas zonas, o Homem constrói muros de suporte com reforço do coberto vegetal, instala sistemas de drenagem, coloca pregagens e redes metálicas.
Além disso, foi possível a observação de blocos graníticos amontoados e espalhados pelas encostas dos maciços graníticos (rochas magmáticas – resultam da consolidação do magma em profundidade), resultantes da separação dos mesmos ao longo de diáclases (fraturas) e posterior arredondamento das arestas e vértices, designando-se esta paisagem granítica por caos de blocos.
Aproximava-se, então, a Barragem de Picote, numa “imponente garganta emoldurada por gigantescas fragas graníticas”. Para além das rochas magmáticas, encontram-se, também, metamórficas, como xistos e quartzitos. Como é óbvio, as sedimentares, dada a sua formação a partir de rochas preexistentes em condições subaéreas, eram igualmente abundantes, destacando-se as detríticas não consolidadas, como areias, e consolidadas, como arenitos e os conglomerados. Note-se que estes são ínfimos exemplos da variedade litológica da região. De seguida, fomos visitar a Barragem. Integrada na cascata de aproveitamentos previstos para o Douro Internacional, juntamente com os escalões de Miranda e Bemposta, Picote é um aproveitamento a fio de água, constituído por uma barragem-descarregador; pelo circuito hidráulico, com as tomadas de água, as galerias de carga e o túnel de fuga; por um edifício de comando local e de descarga e por uma central subterrânea (solução adotada devido à estreiteza do vale e aos elevados caudais de cheias previstos). Na última, houve um trabalho artístico que despertou a nossa atenção. Intitulado “71 VOLT (magia elétrica)”, de Pedro Calapez, esta obra associa diferentes imagens, desafiando o olhar pelo seu intenso colorido e pela diversidade contrastante de formas e temas, que evocam a energia e a eletricidade.
Tendo em conta a arquitetura da Barragem, conseguimos apreender alguns aspetos relacionados com a produção de energia hidroelétrica. A água, armazenada na albufeira (que se estende por cerca de 21 km, confinado, na margem esquerda, com o território espanhol), possui energia potencial gravítica. Esta transforma-se, durante a sua passagem através das condutas, em energia cinética, que, por sua vez, é transferida para as turbinas, fazendo movimentar as respetivas pás. As turbinas, associadas a alternadores, transformam a energia cinética em energia eléctrica. A água turbinada é restituída a jusante, por três circuitos que, à saída, se reúnem numa única galeria de fuga, sob o trampolim do descarregador de cheias, onde convergem os tubos de aspiração dos grupos. Numa plataforma superior, localiza-se a aparelhagem de corte, e de seccionamento e as linhas de emissão a 220 kV, que fazem a entrega da energia elétrica produzida à Rede Elétrica Nacional.
É de notar que a sua produtibilidade média anual é de 838 GWh. Desta forma, a infraestrutura permite aumentar a produção de eletricidade por via renovável e, consequentemente, reduzir a dependência energética do exterior, bem como a emissão de gases com efeito de estufa, considerando-se, assim, a produção de energia hidroeléctrica menos poluente.
Podemos, então, concluir que o projeto hidroelétrico representa uma valência socioeconómica, cultural e ambiental, que está a ser desenvolvida pela EDP(electricidade de Portugal), no respeito das melhores práticas de sustentabilidade, preservando os valores da biodiversidade e promovendo o desenvolvimento regional.
Depois de uma manhã de intensa partilha de conhecimentos, deslocámo-nos à pequena freguesia de Barrocal do Douro, para almoçarmos. Tivemos, ainda, oportunidade de visitar a famosa Fraga do Puio, estação rupestre que integra um espaço privilegiado de observação da paisagem e domina o rio e o território envolvente. Nela conseguimos avistar uma curva acentuada do rio, delimitada por montes e escarpas, ora abrutas, ora suaves, que resultaram, provavelmente, da fracturação do maciço granítico e da resistência que as rochas oferecem à acção da água. Também constatámos tratar-se de uma área abundante em vegetação e cujas rochas prolixas eram os granitos biotíticos, moscovíticos, e porfiróides, com textura granular, cujos grãos apresentavam diversas dimensões, apresentando cor branca, cinzenta e amarela e determinando uma cor de rocha leucocrata, devido à abundância de minerais félsicos; embora em menor quantidade, existiam xistos, quartzitos, conglomerados, brechas, argilitos, arenitos, todos de tonalidade clara, cinza ou acastanhada.

A derradeira etapa da nossa visita de estudo foi passada numa fronteira aquática do rio Douro, que separa Portugal de Espanha. Assim sendo, tivemos a oportunidade de fazer um “Cruzeiro Ambiental”, numa Estação Biológica do Parque Natural do Douro Internacional, mais concretamente nas “Arribas do Douro”
A Estação Biológica está situada junto da cidade de Miranda do Douro, na fronteira com Zamora. O “navio-aula ecológico” é uma embarcação integrada na paisagem com tons de camuflagem, e a sua tripulação, profissionais e guias pertencentes à Estação Internacional, possibilitou-nos uma lição acerca de educação ambiental e de conservação dos ecossistemas.
Durante o percurso, inferimos que existia uma enorme biodiversidade naquela região. Relativamente à fauna, ficámos a saber da existência de várias aves, nomeadamente o grifo, a cegonha-preta, o abutre-do-Egito, a águia-real, a águia-de-Bonelli, o milhafre-preto, a gralha-de-bico-vermelho, o peneireiro-de-dorso malhado, o andorinhão real, a andorinha-das-rochas, o corvo-marinho, o pato-real, … . Algumas destas espécies foram usadas numa demonstração ao vivo, após o cruzeiro. Embora durante o percurso, tenhamos observado um espaço no rio, designado poça das lontras, raramente se observam, por serem considerados animais tímidos. No que diz respeito à flora, árvores como a oliveira, a azinheira, o zimbro e o freixo destacavam-se, e, ainda, o endemismo, planta rara. Além disso, os líquenes, seres vivos que constituem uma simbiose de um fungo e de uma alga, estavam por todo o lado, mesmo em lugares inóspitos onde se instalam, sendo designados indivíduos pioneiros, pois são os primeiros a conseguir sobreviver nesses locais. Por outro lado, são usados como indicadores da qualidade do ar, e dada a sua abundância, pudemos concluir que o ar mirandês é um dos mais saudáveis que pode ser inalado. O cruzeiro aproximava-se do fim, e no convés da embarcação, foi-nos possível desfrutar um momento de extrema paz e silêncio, exigido para não perturbar as espécies animais e que nos permitiu contemplar a harmonia entre os diferentes subsistemas do nosso planeta – geosfera, atmosfera, hidrosfera e biosfera. Esta visita, repleta de beleza excecional, permitiu-nos uma experiência enriquecedora, relacionando diferentes aspetos geológicos e geomorfológicos do vale com a biodiversidade – aves de rapina e fauna aquática e vegetação autóctone típica das Arribas do Douro.
Sem esquecer a referência supracitada, para acabar o nosso (já magnífico) dia em grande, ainda tivemos a oportunidade de assistir a um espetáculo de aves de rapina, que se revelou extremamente estimulante e divertido.

Gostaríamos de salientar que foi uma experiência extremamente valiosa, tanto para a nossa formação académica, como ambiental e pessoal. Passámos um dia diferente, na companhia de pessoas com quem convivemos diariamente e profissionais das nossas áreas de estudo. Consideramos que estas actividades, para além de momentos excelentes que nos proporcionam, se revelam muito profícuas. Assim, agradecemos a todas as pessoas envolvidas, profissionais da Barragem e da Estação Biológica Internacional, ao motorista do autocarro, que sempre nos acompanhou e especialmente aos docentes do nosso Agrupamento de Escolas, por dinamizarem este tipo de actividades.

 

 

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